Acidente de trânsito
No para-brisa do carro que correra a noite toda
Estampam-se manchinhas opacas, uma em cima da outra.
É que para os insetos, o carro fora um projétil.
Insetos fototáticos atraídos pelos faróis
Haviam se atirado para dentro do campo de tiros de quatro pistas.
No momento em que foram atingidos pelo projétil
A seiva de seus corpos estourados ficou grudada no vidro
E a casca ricocheteou-se como fragmento de projétil.
O sangue que fervia sempre que via uma luz
O sangue que se projetava em direção à luz
Agora de agarra forte ao vidro, seu novo corpo,
Com o seu apego à visa endurecida como grude.
E que não se deixa limpar, por mais que se limpe.
Poemas, poesias