Madrugada no morro. No barraco em que mora com a mãe, Nelson começa a sentir chuviscos no rosto. Mas não são pingos d’água, e sim gotas de luz saídas do tubo de uma velha televisão enguiçada. Aos poucos, ele começa a ver na tela, essa outra janela para o mundo, letras que formam mensagens enigmáticas.
É a partir dessa cena onírica, em que o devaneio contrasta com o pesadelo de uma cidade vista da periferia, que Luis Alberto Brandão cria o universo de desolação e lirismo de Chuva de letras – livro ganhador do prêmio João-de-Barro, destinado a obras inéditas da literatura infanto-juvenil.