“Pago pra curar o que o capital ajudou a macular.”
Por Gabriel Duarte Rodrigues.
Entre os contos que compõe este livro existe um, logo nas primeiras páginas, intitulado ignorância. Esse texto fala sobre coisas que sentimos, mas não sabemos dar nome. E é justamente isso que o Igor faz durante toda a obra, dá nomes aos seus sentimentos mais íntimos e mais públicos.
Como um dicionário de traumas, medos, amores, ele dá nomes: viado, lobo, silêncio, greve, dor. Cada palavra vem acompanhada do seu significado, como um vulcão, destruindo e reconstruindo o universo a sua volta.
Em tempos de ódio, esse livro não é só um desabafo, é um gesto político. Uma jornada que vai desde o cordão umbilical, passando por fluídos corporais e culmina no descompasso do capitalismo, das leis trabalhistas, da sociedade do consumo que sufoca, que macula, que acinzenta.
Cada texto aqui é como um espelho. As personagens são pessoas que conhecemos, os cenários são lugares que frequentamos, as paredes são as mesmas que batemos de frente e nos machucamos.
Tem uma vida inteira escrita aqui. A sua, inclusive.
Fantasia / Poemas, poesias