"Coelho se cala e outras histórias" reúne treze narrativas inquietantes em que John Updike explora um universo que conhece como poucos: o cotidiano de pessoas comuns nas pequenas cidades e nos subúrbios das metrópoles do nordeste dos Estados Unidos: Filadélfia, Washington, Boston e Nova York. Os personagens de "As mulheres que escaparam" e "Cor natural" vivem uma ciranda de casamentos e separações, adultérios e reconciliações. A experiência da infância e da adolescência é recriada em "Hora do almoço" e "Meu pai à beira da desonra". "Garota de Nova York" narra a história de uma relação extra-conjugal de um homem interiorano de meia-idade na maior cidade americana. "Cenas dos anos cinqüenta" analisa com extrema fineza os impasses de um jovem artista preso a um casamento fracassado. Dois contos, "Sua obra" e "Improvisos de amor em plena guerra fria", aventuram-se por territórios menos freqüentes na obra de Updike. No primeiro, o romancista judeu nova-iorquino Henry Bech, protagonista de 'Bech no beco', tornou-se um escritor famoso. Em palestras no interior do país, reencontra antigas namoradas e repensa sua vida amorosa. No segundo, um músico folk sulista é levado a representar o papel de embaixador cultural americano na União Soviética, pouco depois da crise dos mísseis de 1962. A novela "Coelho se cala" finaliza o livro. Na narrativa - espécie de posfácio à tetralogia do Coelho -, Nelson Angstrom, filho de Harry, descobre que tem uma meia-irmã, fruto do romance de seu pai com uma prostituta (episódio de 'Coelho corre') quarenta anos antes. Como nos romances da tetralogia, Updike explora a dimensão psicológica dos personagens ao mesmo tempo que passa em revista toda uma década - no caso, os anos 1990, marcados pelos escândalos sexuais do governo Clinton e pelo predomínio da informática na vida cotidiana.
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