Coisa de negros

Coisa de negros Washington Cucurto


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Coisa de negros





É no ritmo da cúmbia – gênero musical caliente nascido na Colômbia que hoje embala praticamente toda a América Latina de fala espanhola – que Washington Cucurto narra as duas histórias que formam Coisa de negros, incursão do poeta argentino pela vereda do romance que fez dele um cult em seu país. Usando seus talentos de poeta, Cucurto constrói com sua prosa o que poderia ser tomado como uma competente letra de uma cúmbia. É de uma delas, aliás, que ele tira o título da primeira história, Noites vazias.

Em uma Buenos Aires distante dos cafés da Recoleta e repleta de imigrantes de fala espanhola, Cucurto mergulha no mundo dos negros, palavra que, para os argentinos tem um significado diferente do mais conhecido entre os brasileiros. Negro lá não é só uma questão de melanina, mas também de posição social. Negros são todos os descamisados de Eva Perón, e é justamente a eles que a cúmbia deve sua popularidade. Apesar das aparentes diferenças culturais, é fácil para qualquer brasileiro que já esteve no samba ou ouviu falar de baile funk, se identificar com este universo.

Em Noites vazias, Eugênio, um cumbeiro que vive para a hora de ir para o baile, rebola – inclusive literalmente – para sobreviver numa periferia que tem como únicas fontes de lazer a música e o álcool. Na busca pela mulher perfeita que um dia encontrou no baile, fica com todas as mulheres que lhe aparecem pelo caminho, a ponto de diluir em sua memória o rosto, o nome e até a certeza da existência real do ideal feminino.

Em Coisa de negros, a segunda história que dá nome ao livro, um outro empréstimo: Washington Cucurto torna-se o protagonista, um cumbeiro dominicano convidado para dar um show na comemoração do aniversário de Buenos Aires. Desta vez, a narrativa passa por alguns cenários turísticos da capital Argentina, mas só para conduzir o leitor até os ambientes movidos a corrupção e assombrados pelo eterno fantasma peronista – com direito a uma filha desaparecida de Eva Perón, como principal personagem feminino. Tudo isso, para chegar a um desfecho com ares de realismo mágico.

Entre um volteio de quadril e outro – movimento que marca a dança da cúmbia – Coisa de negros mergulha num frenesi sexual, repleto de descrições gráficas que nada têm de gratuitas, mas que são reveladoras do universo dos personagens. Ao fechar as páginas do livro, resta ao leitor a gratificante sensação de ter passado horas dançando num baile de cúmbia. E as lembranças de uma noitada inesquecível permanecem na memória por muito tempo.

Washington Cucurto é o pseudônimo de Santiago Vega, um poeta que se tornou romancista. Coisa de negros foi seu primeiro best-seller e lhe valeu o prêmio de melhor romance argentino de 2003.

Ficção / Literatura Estrangeira / Romance

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