"Por que ícones? Não teria sido melhor usar pinturas mais acessíveis, como as de Michelângelo, Rembrandt ou Marc Chagall? Os grandes tesouros da arte ocidental realmente poderiam ser mais atraentes, mas escolhi os ícones porque eles foram criados para o único propósito de oferecer acesso, através do portão do visível, ao mistério do invisível. Os ícones são pintados para nos levar ao espaço interior de oração e nos aproximar do coração de Deus. Em contraste com a arte mais conhecida do Ocidente, os ícones são feitos segundo regras antiquíssimas. Suas formas e cores não dependem meramente da imaginação e do gosto do iconógrafo, mas são transmitidas de geração a geração, obedecendo tradições veneráveis. A primeira preocupação do iconógrafo não é tornar-se conhecido, mas proclamar o reino de Deus com sua arte. Os ícones são destinados a ocupar um lugar na liturgia sagrada e, assim, pintados conforme as exigências da liturgia. Como a própria liturgia, os ícones tentam nos dar um vislumbre do céu.