A maioria daqueles que procurou estudar as origens do conto marroquino abordou
diretamente a sua ligação com os aspectos da vida social, cultural e política,
quer dizer, de sua existência em determinada época, em que esteve presente, em
todos os níveis, como participante de toda a ação da sociedade. Isso é
inegável. Porém, esses estudiosos não indicaram de que forma o conto conseguiu
se manifestar ao lado de outros movimentos culturais. Por isso, em nossa
opinião, o realismo no conto (como em sua evolução, após 1930) é uma opção
literária e artística que se adapta a evolução cultural em que vivia a
sociedade da época, imbuída de um espírito nacionalista.
O realismo foi uma opção literária de fundamental importância para enfrentar a
influência ocidental imperialista. Tal fato determinou uma orientação para a
realidade global, isto é, o conto passa a se ater a motivos políticos, com uma
visão realista, determinada pelas consciências dos intelectuais,
nacionalistas, que exploraram os temas oriundos da realidade cotidiana.
Assim sendo, podemos dizer que o realismo veio como uma tomada de consciência
da necessidade de relacionar o conto e a própria literatura ao renascimento
nacionalista. É uma fase em que a literatura e, especificamente, o conto
obedeceram a uma orientação firme, engajados na luta contra a ocupação
estrangeira.
Por isso, o realismo foi, no Marrocos, uma escolha literária e o reformismo,
em primeiro lugar, uma tendência política, fato que nos leva a dizer, com
muita ênfase, que o realismo no conto e na literatura marroquina moderna em
geral foi criado pela prática literária reformista, numa forma de prática
política.
Assim sendo, abriram-se as portas para que a literatura marroquina moderna
pudesse participar da construção nacional.
Abd Alqadir Achaui