Contos Transantropológicos, escrito pela escritora e filósofa portoalegrense Atena Beauvoir, narra histórias de violência e dor, mas também de esperança. São personagens que não se reconhecem no próprio corpo, pessoas que sofrem por viver em uma sociedade intolerante, machista, transfóbica e homofóbica, mas que nem por isso desistem de lutar por um espaço de legitimidade, reconhecimento e aceitação.
Figurando entre as ainda poucas produções literárias brasileiras de autoria trans, o livro apresenta, além de seus contos, um ensaio filosófico sobre a existência humana de pessoas transexuais, transgêneras e travestis. Por trás dos horrores sofridos por esse grupo de pessoas, chamado minoritário, encontramos a força em buscar entender a essência de cada um. Atena Beauvoir nos brinda com um livro que questiona a construção das nossas próprias identidades, e vai além: um outro mundo é possível. Mais humano, mais justo, com liberdade e direitos iguais para todas as pessoas.
“O zoológico trans não interessa a Atena, mas sim o que se vê a partir desse lugar onde acreditam que nos puseram. As noções todas de doença, perversidade e depravação com que imaginam as transgeneridades são contestadas aqui por narrativas de figuras que vivem na pele essa existência, narrativas de figuras que ousam se afirmar e se fazer trans num mundo que não foi feito para elas, para nós. A beleza do gesto está, curiosamente, no fato de que, ao construírem esse mundo para si, acabam por questionar as estruturas desse mundo que nos emoldura, deixando claro que se há prisões e grades, como as do zoológico em que nos imaginam, elas com certeza não estão ao nosso redor.”
– Amara Moira, doutora em Teoria e Crítica Literária pela Unicamp
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