Crimes Exemplares, de Max Aub (1903-1972), são um grande chiste, uma piada à maneira como a imprensa trata a violência. Fingindo ter colhido relatos de assassinos confessos, no México, na França e na Espanha, o autor empurra personagens ao limite da violência, criando um verdadeiro “manual para crimes compreensíveis”, ou melhor dizendo, força-os a confessar as razões pelas quais cometeram seus crimes.
Publicados pela primeira vez em 1957, estes microcontos inauguram um humor negro sem paralelo na literatura de língua espanhola, com raízes em Goya e em Posadas, no barroco espanhol, e no culto e na maneira de burlar a morte, dos mexicanos, segundo um editor mexicano. Telegráficos, genialmente concisos, fazem parecer que um crime muitas vezes é apenas uma errata, ou o contrário, se assim preferirmos.
Dono de uma obra vasta, Max Aub se expressou como poeta (Poemas cotidianos, 1925), dramaturgo (Teatro incompleto, 1931), romancista (El laberinto mágico, seis volumes escritos entre 1943 e 1968; La gallina ciega, diario español, 1971) cineasta (Sierra de Teruel, 1938-39), ensaista (Ensaios mexicanos, 1974), radialista (Voz Vida de México, 1961), biógrafo (Jusep Torres Campalans, 1958, biografia inventada, ilustrada com quadros do próprio Max Aub, que os atribuiu a um pintor inexistente, e que deu origem ao título do livro – essa falsificação declarada tornou-se um gênero desse autor). Ainda escreveu diários de viagem (Enero en Cuba, 1969) e como tipógrafo e editor publicou a revista Sala de Espera, 1956-61, em que apareceram pela primeira vez alguns destes Crimes Exemplares.
Literatura Estrangeira