O compromisso com a pessoa que sofre pode ter as mais diversas motivações. Pode resultar da solidariedade genuína, do respeito mútuo, do reconhecimento de que algo semelhante pode nos acontecer. Pode resultar, também, de um sentimento de 'compaixão piedosa' pelos sofredores através do qual acreditamos tornarmo-nos benfeitores virtuosos. Pode, por fim, ocorrer, simplesmente, porque pensamos que socorrer aos infortunados contribui para o bem comum e para o bem-estar geral. O presente trabalho tem o objetivo de problematizar as motivações que fundamentaram duas modalidades diversas de intervenção sobre a saúde das populações no transcurso do século XIX. Trata-se de duas estratégias diferenciadas de assistência à sociedade que, no entanto, como tentaremos mostrar, não são inteiramente alheias uma à outra, embora assim se apresentem