Andrea Sales demonstra inclinação ao estilo descritivo, não somente para elencar elementos, imagens, paisagens, como também, para desta forma, entrelaçar o campo das emoções e da cultura, com a simplicidade do cotidiano.
Sendo assim, perfazendo os mais diferentes temas fala-se de amor, de inadaptabilidade, de existencialismo, sempre, jogando com os elementos simbólicos demandados pelas temáticas específicas, o amor que se deseja é aquele que “acolhe por inteiro / Acolha os gritos e os medos”. Da mesma forma, já no domínio filosófico, desdobra-se todas as possibilidades de existência, por suas manifestações no andarilho, na diva, na lua.
O que se observa é uma capacidade tamanha para considerar cada temática evidenciando-se todo um domínio, de palavras, de simbologias, pertinentes ao campo subjetivo de cada assunto. Quando se fala de um passeio na praia, a autora faz questão de descrever a experiência referenciando as aves, a alga salgada, a menina e seus sentimentos.
Em “A Volta” vê-se o auge de um eu-lírico absolutamente humano, como se a autora quisesse afirmar estar “A Volta” é estar em contato, com o lado da alma mais corriqueiro, exemplificados em um ente que frequenta as aulas de umbanda, dança na chuva, toma um chá, mas que também, é feito de memórias como as da infância.
Ao ler a obra sente-se um gosto doce experimentado ao contato com uma esperança que escapa tenaz das páginas, sutilmente demonstrado pelo pensamento discreto de que estar na tempestade, nas batalhas, estrangeira em terras desumanas, é um meio de exaltar a naturalidade e o lado humano de todas as coisas, “estar no deserto entre camelos é uma maneira de ensinar movimentos aos Tuaregues”, pois assim, leva-se humanidade e amor para cada canto do mundo.
Poemas, poesias