Ela era interessante, sensível e extremamente bonita. A ponto de acender no pai uma devoção cega que beirava o desejo, e de provocar na mãe um ressentimento próximo do ciúme. Essa mesma dualidade de sentimentos, que despertava também nas outras pessoas, ela a trazia dentro de si: sua ânsia de ser feliz só era comparável às frustrações e decepções que a perseguiam a cada passo. A entrega mórbida e absoluta ao álcool e aos homens era para ela como que um retrato em negativo de uma devoção quase religiosa à vida.
Mantendo sempre, como é sua marca, um olhar crítico e social, traçando um sutil e preciso retrato de época - os Estados Unidos das décadas de 30 e 40 -, William Styron construiu um drama vigoroso, em que as vicissitudes da condição humana, elevadas a verdadeiras interrogações existenciais, se fazem representar nos conflitos interiores e exteriores de personagens que, desesperada ou resignadamente, buscam a própria salvação.