Aquele era um desses dias em que nada parecia dar certo e a melhor coisa a fazer era voltar para a cama e continuar lá o resto do dia. Fernando Correia estava convencido disso e, parado diante de seu carro, olhando o pneu vazio, quase chamou por um táxi e voltou para casa. Ao retirar o estepe, machucou a mão. Numa explosão de raiva incontida, atirou o pneu ao chão, praguejando. O pneu saltitou e rodopiou cruzando a estrada. Vindo em velocidade, um carro freou violentamente e derrapou, deixando o asfalto e deslizando pelo acostamento, numa nuvem de poeira. Fernando pôs as mãos na cabeça. Não lhe faltava acontecer mais nada naquela manhã. O carro bateu contra o barranco c um pára-choque voou pelos ares, arrebentado. Em seguida, restou o, silêncio e a poeira assentando-se lentamente. Ele correu para lá. O corpo de uma garota pendia, preso pelo cinto de segurança. Seus cabelos louros e brilhantes estavam caídos diante de seu rosto. Fernando examinou-a. Não havia ferimentos aparentes, mas era difícil chegar a uma conclusão certa. A garota talvez precisasse de socorro e o único disponível era o carro de Fernando, com o pneu furado. Ele estendeu a mão lentamente, segurando-a pelo queixo e fazendo-a levantar a cabeça. Estava pálida, mas sua beleza era indescritível. Lentamente ela abriu os olhos, confusa com o acidente. Começavam ali seus verdadeiros problemas!