Hoje é bem difundida a ideia de que a Proclamação da República foi um fenômeno político superficial, fruto de uma articulação de elites descontentes, não de um movimento popular genuíno. Aliás, numa dessas ironias que abundam na história brasileira, a República nasceu com um golpe militar.
Monarquista a vida inteira, Manuel Deodoro da Fonseca (1827-92) acabou catapultado para a posição de líder da rebelião republicana. Foi um presidente meio improvável, mas não quis papel de coadjuvante: tentou modernizar a economia, brigou com o Congresso, aprovou uma nova Constituição. Deixou suas digitais no desenho institucional do país com apenas dois anos de mandato.
Por outro lado, quando avaliamos o legado de um político que se diz republicano, é justo pesar também o caráter democrático de suas reformas. Nesse teste Deodoro falhou miseravelmente: foi autoritário, tentou implantar uma ditadura, e até setores do Exército o consideravam “conservador demais”.
O marechal foi, portanto, um republicano atípico num país igualmente atípico, e sua importância é uma questão em aberto.
História do Brasil