Dia sim dia não fazer chantagem

Dia sim dia não fazer chantagem Maria Isabel Iorio


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Dia sim dia não fazer chantagem





DIA SIM DIA NÃO FAZER CHANTAGEM reúne poemas e um longo texto em prosa, uma dramaturgia narrativa em que o fluxo de pensamento de uma estátua viva deriva para reflexões filosóficas. Os poemas configuram um conjunto sobre um corpo mutante e um eu em constante mudança, que fala sobre a impossibilidade de um desejo regressivo.
Alguns temas se destacam como campo de investigação: a desistência e a resistência ao desejo fácil, a existência como recusa e fuga constantes, o amor materno perdido e a demanda infantil por atenção, descartada ironicamente: “Sua mãe não vai abrir as pernas / de novo pra você. // Não tem como refazer / esse caminho. Entrar lá / com as próteses. / O começo – já não te reconhece”.
O livro é dividido em três partes: “Alguém que você não bota pra dormir”, “Eu viveria no colo” e “Se não durmo não estou no tempo”.
Na primeira parte, que traz 17 poemas, os versos falam de um desejo que não se satisfaz, de um movimento “atrás do próprio rabo”. Como diz o posfácio de Paranova, “DIA SIM DIA NÃO FAZER CHANTAGEM é um livro sem dia seguinte. Você lê à noite mas o que vem depois não é a manhã do próximo dia, o que vem depois é a manhã daquela noite. É um livro atrás do próprio rabo.” Ou, como diz outro dos poemas do livro: “Se eu virar de costas, saiba, é um convite”.
Na segunda parte, com três poemas (um deles dividido em seis partes), a desconstrução da identidade de gênero estabelecida e esperada encontra formulações ásperas e irônicas.
Alguns poemas se voltam para o impulso de desejo de um interlocutor desconhecido, que pode ser o próprio leitor. É o caso do poema que dá título ao livro: “Dia sim dia não fazer chantagem – / eu prometo não acordar à noite / mas só se antes te comer de quatro / no chão da sala até tarde / se você assumir que também / gosta – e tem coragem – / de obedecer.” O próprio corpo se decompõe em uma constituição instável e compósita. “Nada disso te dá / o direito / de ter fabricado aquela arma / com as minhas partes do corpo”.
Na terceira parte, uma dramaturgia narrativa, o fluxo de pensamento de uma estátua viva que está perdendo o gênero deriva para reflexões sobre autoimagem, solidão, a necessidade da ação, um movimento incessante e ao mesmo tempo impedido, além da instabilidade do desejo.
O texto também se volta a interlocutores, constituindo-se de maneira contraditória: a estátua não pode falar (pois está em ato), mas se volta a alguém que poderia vir a escutá-la, mais uma vez incluindo o leitor no jogo literário e no enredo.
DIA SIM DIA NÃO FAZER CHANTAGEM é o segundo título da coleção Canto Quebrado, em pequenos formatos, em prosa ou poesia, capa impressa em tipografia e costura aparente.

Poemas, poesias

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on 5/12/22


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Leticia Zampier
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Leticia Zampier
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