Planta viçosa e bem adaptada ao nosso meio ecológico, a diamba floresce dos pampas às matas amazônicas, do litoral ao planalto central. Seu uso, no dizer dos sociólogos, "já se encontra profundamente arraigado nas camadas populares". Como, então, explica a ausência, até recentemente, de debate político sobre sua legalização? O presente livro representa uma aproximação da ideia de que existem controles culturais sobre o uso das mais diversas substâncias, os quais são muito mais efetivos quando partem da experiência dos próprios usuários e muito menos efetivos quando impostos de fora por alguma "autoridade competente" sem nenhum entendimento do mundo cognitivo do consumidor. A história da diamba é acompanhada por observações sociológicas desde o início do século XX, permeadas de preconceito e autoritarismo. A evolução do discurso médico é contraposta, entretanto, aos argumentos libertários que, a partir de estudos antropológicos, históricos e jurídicos, têm reivindicado nos últimos anos a descriminalização da diamba.