É difícil ler o Diário do subsolo; é doloroso aceitá-lo. Com uma precisão quase clínica, Dostoiévski traça nesse livro o perfil de uma pessoa que, marginalizada social e moralmente, procura-se vingar-se do mundo inteiro ao qual atribui a culpa de sua humilhação. "Sou um sujeito maldoso!" - reconhece o "homem do subsolo", antecessor dos misantropos por opção do século XX, e sua maldade se volta, desenfreada, contra os inocentes e, muitas vezes, contra ele próprio. A rebelião existencial do indivíduo reduzido à condição de uma "reles mosca" da início à minuciosa análise das questões cruciais de poder, justiça e liberdade, cujo frágil equilíbrio se reveste de especial importância em nossa época de revisão e contestação dos valores eternos. Abordando-as de modo lúcido e cortante, o gênio das letras russas deixa à humanidade seu aviso atemporal - Cuidado com o subsolo da alma, que suas portas estão sempre abertas!
Literatura Estrangeira / Ficção