"Escrever um diário é renunciar ao destino. É viver no presente, é confessar ao implacável que nada mais esperamos dele, que nos acomodamos todos os dias, e que já não há relação entre este dia e os restantes. É sorver o nosso oceano gota por gota, com receio de o atravessar a nado. É contar as folhas da árvore cujo tronco não tornará a reverdecer. Só se escreve um diário quando as paixões estão extintas, ou quando atingem o estado de petrificação que nos permite explorá-las como montanhas das quais a avalanche não se desprenderá". No Diário Íntimo, ao qual George Sand se entrega fervorosamente página após página abordando vários temas, - a política, as relações e ainda o envelhecimento -, temas que acabaram por destacar Sand enquanto personagem e, por conseguinte, ofuscar o interesse do público pela sua obra, é possível observar como esta mulher foi afinal pioneira em fazer beber a sua produção literária na experiência vivencial - feminina, portanto, e humana.
Literatura Estrangeira