"Desde o primeiro conflito na adolescência e a necessidade de usar a palavra como arma, busquei munição nos dicionários da língua portuguesa. Ora era a procura específica de um termo para me vingar de um superior num próximo encontro de embate; ou a necessidade de rechear um texto juvenil com vocábulos cabeludos para deixar vagos antagonistas nocauteados. Grande descoberta: o insulto pouco conhecido mostrava-se duplamente contundente: de alguma forma qualificava negativamente e, ainda, acrescentava, implicitamente, uma outra ofensa: ignorante. O oponente, além de xingado, sentia-se diminuído por não saber, afinal, o que significava aquela palavra brandida em sua cara, as suas sílabas escandidas para que não restasse dúvidas da gravidade da ofensa. Assim, passei a consultar dicionários da língua portuguesa à procura de insultos novos para dar colorido novo às contendas. E fui juntando um vasto repertório. Podia não ter força física e habilidades marciais, mas em compensação dispunha de um repertório vasto e colorido de impropérios."