Os pesquisadores convidados para a escrita dos verbetes destacam-se,
no Dicionário das mobilidades, pelo tratamento simultaneamente abrangente e
aprofundado que deram aos diferentes temas que lhes foram propostos. Destaquese o movimento textual empreendido pela maioria, partindo, didaticamente, das
definições dicionarizadas, viajando pelas sendas do mundo da cultura, acoplando
à viagem conceitual o estudo de textos literários das Américas. Todos os vinte
verbetes, sem exceção, promovem renovação dos veios interpretativos de antigos
e novos termos. Registre-se a confluência teórica em muitos deles, mapeando o
campo da produção sobre as mobilidades culturais com propriedade e
originalidade.
O leitor se move, assim, por variedade de verbetes como deriva e
desvio, deslocamento e errância, o já clássico flânerie, nomadismo e
transportação. Também depara-se com inesperados verbetes como variações e
metáfora, memória e imaginário, braconagens e autoficção. Atualizados no da pós-modernidade, diáspora e desterritorialização, liquidez e
circulações urbanas e mobilidade linguística ganham matizes que seduzem o
leitor para a reflexão sobre o imaginário movente que enforma a
contemporaneidade. O reenvio mútuo de significações reitera o caráter de
mobilidade do texto “dicionário”, atravessando cada produção com um tom
insubmisso, fazendo da autoria do dicionário uma condição também circulante e
relacional na sua movência.
O Dicionário das mobilidades culturais, com certeza, nos seus
percursos americanos, será referência obrigatória para os estudos culturais
contemporâneos.