Livro de Alan Wallace sobre unificação de física e consciência é alternativa lúcida para quem se fascinou ou para quem – como eu – detestou os filmes The secret (“O segredo”) e What the bleep do we know (“Quem somos nós”).
Eu ganhei o original em inglês (Hidden Dimensions) assim que foi lançado. Já admirava o trabalho do Prof. Alan Wallace, então li rápido e logo emprestei para uma amiga. Este ano ele veio ao Brasil para uma série de palestras e um retiro no Templo Caminho do Meio (Viamão/RS). Eu tive a sorte de estar lá neste último feriado. ;-) Em breve publico um relato aqui no blog.
Aproveitando a presença do Alan Wallace, a versão brasileira desta obra foi publicada pelo Instituto Caminho do Meio, em parceria com a editora Peirópolis. A tradução é da Lucia Brito, responsável pelas obras de S. S. o Dalai Lama.
A grande sacada, na minha opinião, não é tanto o paralelo com a física quântica, abordagem que ficou famosa com O Tao da Física, de Fritjof Capra, e atualmente é distorcida à vontade pelo movimento new age (vide os filmes What the bleep do we know, aqui traduzido como “Quem somos nós”, e The secret). O ineditismo de Dimensões Escondidas está na proposta de uma ciência contemplativa, unindo métodos de primeira e terceira pessoa, com possibilidade de mensurar e replicar resultados cerebrais (biológicos) e mentais (psicológicos).
E isso não é apenas teórico! Antes de sua formação em física e filosofia da ciência, Alan Wallace foi monge budista e praticou por muito tempo sob orientação de grandes mestres tibetanos. Atualmente ele está colocando tudo isso em prática: dá uma olhada no projeto que já está sendo construído na ilha de Phuket.
O professor propõe a criação de um “telescópio para a investigação da mente”, fruto do refinamento da atenção e metacognição que a prática da meditação (especialmente samatha) proporciona. Ele está certo ao perguntar: “O que era a astronomia antes da invenção do telescópio?”. De fato, atualmente não temos ciência alguma dos fenômenos mentais, apenas dos cerebrais e comportamentais. Em vez de investigarmos pensamentos e emoções, só sabemos falar em sinapses e distúrbios de défit de atenção. Qual é o nosso instrumento? Livros do Lacan e EEG? Qual o remédio para nossas aflições? Divã ou pílulas?