Escrito no verão de 1949, Divertimento passou despercebido pela crítica, então fascinada pelos contos de Bestiário, primeiro livro a chamar atenção para a obra de Cortázar. No processo de redescoberta de um dos mais importantes escritores modernos, Divertimento é um livro único: traz o Cortázar quase iniciante, com a liberdade e a ousadia que o caracterizariam. A forma livre com que encarava o ofício de escrever. "Cortázar deixa soltos os poderes da ficção", elogia Saul Yurkievich, um dos melhores críticos do autor.
Em Divertimento, inédito no Brasil, o escritor sabe como poucos escolher e distorcer as palavras - a incerteza permanece. O resultado deixa o leitor desconcertado. Não é à toa que Cortázar é cultuado pelos intelectuais: ele escreve como forma de provocar reações. Um autor que acredita, antes de mais nada, na própria imaginação. A capacidade de ver a vida sem se preocupar com a realidade.