Dois minutos de gasolina para a meia-noite

Dois minutos de gasolina para a meia-noite Ricardo Carlaccio


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Dois minutos de gasolina para a meia-noite





A ARTE DE ROUBAR CAVALOS NO PLAYGROUND DE DEUS





Estórias de estradas com trilha sonora de Van Morrison. Ou uma legião de perdedores que se encontram por acaso em um boteco de luzes avermelhadas e jukeboxes que tocam antigos sucessos de Belchior. Sejam eles garotos estradeiros, putas que se apaixonam por um ou outro cliente, boxeadores que perderam tudo - menos a dignidade -, ou velhos que partem para uma última visita à mulher que mais amaram em toda a vida, os personagens de Ricardo Carlaccio parecem cientes dos jogos ardilosos de Deus, mas todos tentam escapar. Seja seguindo de carona para um destino incerto ou apontando o cano do 38 para a própria cabeça, todos tentam escapar de alguma maneira.



Como suas criaturas, o criador (estou falando do escritor, não de Deus) também parece desconfortável no jogo de cartas marcadas que sempre acaba com alguém estirado atrás do balcão ou, o que é pior, sugado pela máquina de moer culhões e transformar cavalos selvagens em dóceis cordeirinhos. Se os personagens destas estórias se refugiam em velhos Mavericks e aceleram cada vez mais o motor, numa epopeia sem rumo e sem volta, é na escrita que Carlaccio encontra seu refúgio. É nesta floresta de signos que ele se embrenha, punhal em punho, para tentar cortar os cordões que prendem as marionetes. Como “aquele cara que começa inocente e vai mostrando o canivete, depois o punhal e, por fim, uma metralhadora.”



Dando de ombros às regras, às trapaças e ao olhar vigilante do dono da banca, Ricardo Carlaccio roubou a coroa do Rei de Copas, passou a mão na bunda da Rainha de Paus e levou a risca o conselho de Raul Seixas: “antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu”. Ele já escreveu vários. E tudo indica que vai continuar escrevendo. É assim que leva seus fantasmas para um longo passeio. Nos infernos, nos inferninhos, onde os mensageiros celestiais costumam perder suas almas nas noites de sexta-feira.







Ademir Assunção


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Um livro de homem
on 23/1/23


Eu ia dizer que esse livro é como aquele filme O Taxista. É. O Taxista seria como se fosse um dos contos. Um personagem psicologicamente instável, alterado etc. No fim entendi, na prática, o que são contos. Demorei para perceber que cada título (e não capítulo) era independente. Superado tal ponto, é um livro de homem, e talvez de homem para homem. Mas nada que impeça uma mulher de ler Eu gostei que dá para visualizar um pouco de como o sexo masculino pensa. A categoria cis hétero.... leia mais

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