O poeta, assim, além de dialogar com sua memória, suas opiniões e com as perguntas do entrevistador, dialoga também com a própria obra. Não se trata de achar ?coerências? ou ?confirmações? entre respostas e poemas. Mas de estabelecer um verdadeiro diálogo dentro do diálogo que é a entrevista. Tal diálogo contrapõe duas vozes do próprio poeta, emanadas em duas formas e dois momentos distintos: uma, a resposta em si, outra, o poema que a resposta evoca no organizador. A entrevista (objeto da primeira parte do livro), então, se desdobra: enquanto o poeta vai respondendo ao entrevistador, o poema ou verso acrescentado à resposta duplica a resposta à pergunta, ao mesmo tempo em que comenta a resposta efetivamente dada. Vida e obra reentrelaçadas de uma forma surpreendente.