G. H. Hardy foi um dos mais refinados pensadores deste século, renomado entre seus contemporâneos como um "verdadeiro matemático... o mais puro dos puros". Foi também, como afirma em seu prefácio C. P. Snow, "heterodoxo, excêntrico, radical, pronto para falar sobre qualquer coisa".
Em um aspecto ele era claramento superior a Einstein, Rutherford ou qualquer outro grande gênio: transformava qualquer obra do intelecto, maior, menor ou meno uma mera brincadeira, numa obra de arte. Acho que foi esse dom, mais do que tudo, que o fez, quase sem perceber, proporcionar tanto deleite intelectual. Quando Em Defesa de um Matemático foi publicado pela primeira vez, Graham Greene escreveu numa resenha que se tratava da melhor descrição de o que era ser um artista criativo.
Se for lido com a atenção textual que merece, Em Defesa de um Matemático é um livro de uma tristeza enorme. É verdade que se encontram nele o espírito e a mordacidade do bom-humor intelectual; a clareza cristalina e a franqueza ainda estão lá; o livro é, de fato, testamento de um artista criativo. Mas também é, de um modo estóico e discreto, um lamento apaixonado por um poder criativo que existira mas nunca voltaria a existir.