Entre discursos e fatos: Gênero e gestão na rede federal (Atena Editora)

Entre discursos e fatos: Gênero e gestão na rede federal (Atena Editora) Ana Paula Palheta Santana


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Entre discursos e fatos: Gênero e gestão na rede federal (Atena Editora)





dúvidas sobre a assimetria na ocupação de cargos e, posições destes no mundo do trabalho, a sutil naturalização da hierarquização das posições são desenhadas assim: isto compete ao homem e aquilo à mulher.

A autora ao tratar sobre os desafios que as mulheres enfrentam, ressaltou que adentrar no setor de serviços, é apenas o início da jornada de resiliência, porque ao fazer parte da gestão, passa a vivenciar situações adversas para conciliar um posto de trabalho remunerado, no caso da gestão, com o trabalho doméstico não remunerado. Isso é uma tarefa herculana, porque o trabalho doméstico, no caso das gestoras e outras trabalhadoras brasileiras, por não ser remunerado, a sociedade não percebe nem o órgão em que trabalham, a sobrecarga a que essas mulheres são submetidas.

O livro chama atenção para o lugar de fala das mulheres que vivenciam a gestão e, às situações que são submetidas em decorrência das relações no mundo do trabalho, como: descriminações, estereótipos, rotulações e boicotes. Essas ocorrências veem numa perspectiva à desqualificação do trabalho exercido pelas mulheres na gestão, principalmente no setor de serviços, em que está inserido o objeto deste; outro destaque por parte da autora foi a reflexão coerente em relação ao gênero e liderança, “ainda” como um desafio à Rede Federal, considerando que no mundo corporativo privado existe todo um reconhecimento e valorização da liderança por mulheres.

É na dimensão da gestão feminina que os estudos apresentados neste livro se organizam em suas fundamentações teórico-metodológicas, considerando que se expressam as percepções das protagonistas pesquisadas, a partir de uma análise rigorosa, na qual é tecida a reflexão sobre a construção de carreira destas, as exigências do “estar bem preparadas”, cumprindo os 100% dos requisitos para a ocupação do posto de serviço ou cargo, de modo a ser considerado a trajetória no serviço público, como uma forma de preparação emocional, de demonstração de equilíbrio, maturidade, autoridade técnica e, conhecimento em gestão.

Soma-se à essas demandas as softskills, as habilidades sociais são as chaves para a gestão feminina percorrer um caminho com menos traumas possíveis, sendo assim, essas experiências são construídas nos pressupostos da tolerância (FREIRE, 1995), em que o desafio constante de provar a capacidade para ocupar um cargo de gestão é um exercício cotidiano. Essas experiências na vida dessas gestoras favorece uma capacidade que tem um forte impacto no campo da gestão escolar: a capacidade de pensar coletivo.

O mérito deste livro é lançar reflexões e suscitar questões sobre a temática com discursos e fatos, enfatizando as falas e as experiências vivenciadas por mulheres na gestão da Rede Federal, uma história que não é só delas, envolve o pensamento de uma sociedade sobre uma tendência que vem acontecendo atualmente no mundo do trabalho (ANTUNES, 2003).

De maneira que vem somar às discussões que envolvem a categoria gênero, que já vem ocorrendo segundo os argumentos de Mary Del Priore (1997), Guacira Louro (2011), Angela Davis (2017), Anne McClintock (2010) e, dentre outras produções, destaco Janete Otte (2008) sobre a trajetória de mulheres na gestão de instituições públicas federais em relação aos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’S), no caso deste livro, o mérito é justamente por tratar da temática no momento atual nos Institutos Federais de Educação, Ciências e tecnologia (IF’s).

Por fim, é um privilégio termos a professora Ana Paula Palheta Santana como interlocutora desta temática, mais um feito que merece reconhecimento e, vem agregar aos acúmulos no status de pesquisadora, tal qual o Prêmio CAPES Igualdade de Gênero em 2009. Professora titular do IFPA e cientista social vem constituindo um lastro na perspectiva de compreender o ser humano em suas relações de trabalho e no cotidiano. Assim, nos convida à reflexão sobre gênero, com enfoque no trabalho de mulheres na gestão pública federal, um enredo com questões atuais e provocativas para repensarmos os papéis no “estar” na gestão.

Belém-Pa, em 25 de maio de 2021.

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