“No Sábado, Sylvana foi jantar com Mauro no Excelsior. Preferiu não usar nenhum dos seus esplendorosos vestidos de noite. Trajou-se com o maior recato; apenas aquela mecha branca dos cabelos dava um traço mais ousado à sua personalidade. A pesar da fama que se aproximava, queria mostrar-se equilibrada e madura.
- Você está mais bonita hoje do que nunca – disse Mauro, observando-a.
- Tão modesta assim?
- Você fica melhor com esse traje simples.
Sylvana pensou na satisfação que sua mãe teria se ela se casasse. E pelo menos no momento, que melhor partido do que Mauro Giampioni, o impulsionador de seu sucesso? Depois, casando-se com ele, cumpria uma espécie de capricho do destino, já há tanto tempo o admirava. Casada, as manchas de seu passado seriam retiradas e poderia enfrentar o mundo com mais altivez e decisão. Ainda se sentisse atração pela vida dispersiva de outrora, mas nascera nela outra mulher, e nenhum vestido deveria sobreviver.”
Ficção / Literatura Brasileira