Convém ressaltar que a instituição histórica e imaginária do nordestino como um povo escolhido (migrante) não passa ao largo das lutas sociais e políticas. Ao contrário, estamos no terreno bastante disputado da produção e circulação de bens simbólicos. Ter dado certa visibilidade aos movimentos migratórios, foi também contar como os mecanismos de poder engendradaram uma história que destituía os migrantes de sua condição de sujeitos. Escrever, neste contexto, foi colocar em questão os silêncios, a exclusão da diáspora nordestina como objeto de história. Em decorrência, os deslocamentos contínuos de migrantes nordestinos pela Amazônia não foram tratados apenas como "fatos sociais", pois representavam os diversos modos pelos quais os nordestinos foram "destinados a migrar", centrando a discussão nos modos e engendramentos do migrar, da historicidade que posiciona o nordestino como protótipo do nômade movendo-se continuamente entre o centro e a periferia.