Este livro reúne os escritos mais importantes de Steve Biko, herói do movimento de libertação do povo da África do Sul, que em 1977 foi torturado e assassinado pela polícia sul-africana.
Por sua apaixonada defesa da solidariedade entre os negros, Steve Biko foi chamado de Pai do Movimento de Consciência Negra. Sua lucidez é ainda mais admirável dentro do contexto da sociedade sul-africana, baseada no apartheid - um sistema estruturado de modo a levar o negro se convencer de que ele não vale nada, de que é um ser inferior. O grande mérito de Steve Biko é que, tendo nascido nessa situação, ele não a aceitou - e não só para si mesmo, mas não a aceitou, ativamente, para todo o seu povo, conclamando-o a reconhecer o valor da negritude.
Os texto aqui publicados, que foram contrabandeados para fora do país, são artigos, cartas, entrevistas, trechos do seu julgamento. Neles, Biko denuncia a tática de "dividir para conquistar" utilizada pelo estado de apartheid para manter a maioria negra sob seu jugo. Ele argumenta ainda em favor de uma reavaliação global da história de seu país, que devolva aos negros o senso de sua dignidade e da riqueza de sua cultura.
Sem fazer apelo à violência, Biko conclama seu povo a uma estratégia militante de libertação que não seja direcionada nem limitada pela tutela dos brancos liberais. O título de seus escritos, dado por ele mesmo - Escrevo o que eu quero - é bem representativo desse espírito: eu escrevo aquilo que EU quero, e não aquilo que o sistema do apartheid quer que eu escreva: eu penso e ajo como EU quero e não como eles pretendem que eu pense e aja.
No Brasil, onde quase 50% da população é de origem negra ou mestiça, a leitura atenta desses textos é indispensável para todos aqueles que almejam uma sociedade mais justa.
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