O regime tutelar e as formas de exercício de poder a ele correlatas lograram constituir a tônica da intervenção da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) na sociedade brasileira, desde sua criação, em 1967. Trinta e cinco anos e alguns avanços significativos depois, em particular após a Constituição de 1988, resta muito a ser feito contra a desigualdade social em que vivem as comunidades indígena no Brasil. As reflexões reunidas neste livro têm como foco trazer à luz um quadro de relações sociais e políticas capaz de subsidiar a construção de novos princípios e novas morfologias institucionais para práticas administrativas em que a participação social dos povos indígenas corresponda a ou pelo menos dialogue com os princípios estabelecidos pelo texto constitucional em vigor. Levando em conta que são inúmeros os obstáculos e desafios para aproximar idéias transformadas em mudanças jurídicas das práticas sociais cotidianas, e que muitas vezes ignoramos os modos pelos quais esse esforço de fato se inicia e como deve seguir adiante, torna-se urgente retomar e avaliar os rumos traçados, sem os quais a viagem tende a não recomeçar. A coletânea busca não a definição de um novo programa de ações federais para os povos indígenas, mas sim diretrizes hoje essenciais para orientar e atravessar um diálogo interétnico favorável ao futuro de um país menos injusto.
Política / Sociologia