Acompanhadas apenas de um motorista, um cinegrafista e um jornalista francês, Clara Rojas e Ingrid Betancourt seguiam por uma estrada cada vez mais solitária; viam passar no céu um bando de pássaros brancos e outro de pássaros pretos, como se fosse um presságio do que as esperava um pouco mais adiante. Durante uma visita à cidade de San Vicente del Caguán, a diretora da campanha do Partido Verde Oxigênio e a candidata à presidência foram sequestradas pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Para Clara, era o começo de seis anos de martírio na selva. Entre marchas forçadas, tempestades, lama, cobras e insetos, ela descobriu a falta de companheirismo de Ingrid, inclusive quando esta demonstrou inexplicável frieza ao saber da notícia da gravidez da amiga. E aí está um ponto alto do livro: o parto dramático de Emmanuel, que durou horas e se deu à luz de uma lâmpada de 100 watts. Ajudada pela fé em Deus e pelas mensagens da família transmitidas via rádio, Clara afirma que “um sequestrado tem duas opções: deixar-se morrer ou lutar por sua vida. Quando se opta por sobreviver e se descartam a morte e a loucura, é preciso trabalhar diariamente sem esmorecer para conseguir”. Além de conter detalhes impressionantes da condição dos presos e do relacionamento com os guerrilheiros, este relato, por trazer ao público o que se passa no coração de uma refém desde o momento do sequestro até o aguardado dia da liberdade, pode ser considerado mais que um livro místico e pungente, mas uma obra sobre o amor.
Conheça o site do livro:
http://www.euprisioneiradasfarc.com.br/