Na noite de 19 de maio de 1985, John Anthony Walker Jr. depositou num ponto previamente combinado, perto de Washington, 129 documentos navais secretos roubados da Marinha norte-americana, onde era suboficial encarregado da documentação sigilosa criptografada.
Dirigiu o carro até outro local, onde pegaria uma sacola com os 200 mil dólares do pagamento. Não havia nada ali, e ele percebeu que fora descoberto pelo FBI, depois de vinte anos traindo seu país, no que foi considerado a mais danosa e grave ação de espionagem na história dos Estados Unidos.
Walker acabou envolvendo diversos familiares, o filho, o irmão, no fornecimento de importantes segredos de segurança nacional norte-americana para a KGB, o serviço secreto soviético.
Com crescente sofisticação, esse círculo de espionagem manteve-se ativo, e intocado, por duas décadas, enquanto Walker esbanjava o dinheiro ganho. E tudo começou quando ele simplesmente entrou na embaixada soviética em Washington, em dezembro de 1967, e declarou ao atendente: quero vender segredos militares. A KGB decifrou milhares de documentos em código roubados por Walker, numa época em que o desenvolvimento de mísseis intercontinentais e submarinos nucleares mobilizava o interesse das grandes potências, sob a égide da Guerra Fria.
Neste livro, o jornalista Pete Earley foi além da fiel reconstituição dos fatos. Ele montou, à partir de centenas de entrevistas e ampla pesquisa de documentos e arquivos oficiais, uma trama de suspense, emoção e análise humana. Obteve não só um dos mais espantosos romances da vida real, como também um lúcido e convincente retrato da mente de um agente de inteligência duplo, o popular espião, neste caso movido pelo narcisismo e pela ganância, não por nenhum motivo político. E na verdade, nunca saberemos a real extensão do dano causado por Walker e sua família.
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