Este conjunto de poemas revelam-nos delicada sensibilidade, de um lirismo escorreito onde a figura da mulher é o tema central. Exprime representações de seu cotidiano e de seu universo social, a sua experiência pessoal de caráter confessional e analítico, construindo, assim, a identidade feminina, onde predomina temas como amor, a tristeza, a desilusão e os estereótipos.
De acordo com o título do livro, cada poema é uma janela que se abre à nossa frente. Algumas nos trazem a luz da manhã, o sol que se espalha pela vida, à medida que sobe, nos traz alegria no Entardecer de verão na praia, ou a beleza do rio no Banco sob a árvore, ou a alegria de ser mulher no Cotidiano. Outras janelas se abrem de fora para dentro expondo o Interior da casa onde reinam a tristeza e a dor, em que a morte parece ser libertadora, uma viagem introspectiva que nos revela o sofrimento pelo abandono do amado como no Engano em que a solidão chega a ser sufocante, o Diário onde a menina-mulher insiste em "sofrer nos vários registros". O eu lírico surge envolto em um manto de tristeza, enquanto contempla "o poente que se esvai".
Essas janelas retemporizam a intimidade em versos de quem sente de muito perto os seres e as coisas, a arte poética no feminino que, apesar da sua forma simples e singela, é um hino à feminilidade, o impulso energético interno, buscando o sentido da vida. Entre os versos mais representativos estão os diálogos afetivos com seus mentores da escrita como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Eça de Queirós e Camilo Pessanha em traços de depurada inspiração. Versos que unem literatura, pintura, música e teatro na busca pela compreensão artística.
Convido cada leitor (a) a "espreitar pela fechadura" das várias janelas que representam cada poema que compõem este livro, e a melhor forma de as compreender, no dizer de Alberto Caeiro, é "não ter filosofia nenhuma".
Poemas, poesias