FHC, Forças Armadas e Polícia

FHC, Forças Armadas e Polícia Jorge Zaverucha


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FHC, Forças Armadas e Polícia


entre o autoritarismo e a democracia (1999-2002)




Democracia não reduz poder dos militares - Livro do cientista político Jorge Zaverucha demonstra a força oculta exercida a partir da caserna no Brasil.



Por Heraldo Leite - O Tempo | 14.JAN.2006



O mais recente livro do cientista político Jorge Zaverucha não vem a reboque da crise que desde maio dá o que falar e o que escrever. Este pernambucano enveredou-se por uma trilha que poucos de seus pares adotaram. Em “FHC, Forças Armadas e Polícia”, Zaverucha questiona, instiga e não se furta em colocar o dedo na ferida: “Impressiona o fato de a coalizão de centro-direita que escreveu a Constituição de 1988, ainda controlar o Congresso Nacional. Os artigos da Constituição que versam sobre as Forças armadas e forças policiais foram perifericamente alterados mantendo-se, deste modo, vários enclaves autoritários dentro do Estado”.



Na primeira parte, Zaverucha questiona a incipiente democracia brasileira e apresenta argumentos que os fatos recentes demonstram seu acerto. Ele discorda frontalmente de autores e colegas para os quais o simples fato de se registrarem eleições livres e periódicas significam um quadro democrático. “A democracia não pode estar desligada do contexto socioeconômico em que vivem os indivíduos. Do contrário, torna-se, para muitos, irrelevante”. Ponto para quem se lembrou de pesquisa recente, do Instituto Latinbarómetro, em que a preferência pela democracia como regime de governo apresenta queda livre.



A parte mais elaborada e instigante de “FHC, Forças Armadas e Polícia” surge quando o autor apresenta um minucioso levantamento sobre o poder oculto que os militares ainda exercem no Brasil. Com a precisão do cientista político e a astúcia dos bons repórteres, Zaverucha apresenta cálculos, questiona leis e lembra fatos que mostram quão grande é a influência da caserna na vida política brasileira.



Exemplo nº. 1: o orçamento destinado às Forças Armadas vem em terceiro, abaixo somente da Previdência Social e do Ministério da Saúde, superando, portanto, o Ministério da Educação. Mas é a folha de pagamento, que não pára de crescer, que consome a maior parte das verbas. O Exército andou dispensando soldados por falta de condições de remunerá-los. Sobram generais e oficiais. Falta verba para equipamentos.



Exemplo nº. 2: o ex-presidente Itamar Franco suspeitou que estava sendo espionado por agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O então presidente Fernando Henrique Cardoso negou, como de praxe, peremptoriamente. Logo depois do episódio o próprio FHC descobriu, com grande surpresa, que o filho Paulo Henrique Cardoso também andara sendo espionado por três meses.



Ao longo de tantos exemplos e reflexões, o autor entende que a presença dos militares é fruto



do medo da instabilidade política, ou ingovernabilidade, como preferem alguns analistas. “Prefere-se a estabilidade política ao aprofundamento da democracia. Por quanto tempo esta situação perdurará, é a pergunta que não quer calar”, questiona Zaverucha, ao final do livro.



Fonte: http://jorgezaverucha.sites.uol.com.br

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