Filosofia da Crise

Filosofia da Crise Mário Ferreira dos Santos


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Filosofia da Crise


Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais - Volume VII




A perplexidade do homem moderno se manifesta na teimosia de sua pergunta sobre a crise. E como tentar responder a uma pergunta tão exigente sem préviamente sabermos o que entendemos por crise?
Esta velha palavra, de origem grega, (crisis), significava separação, abismo e, também, juízo, decisão, etc.
Não é difícil compreender o processo semântico deste termo, que hoje assinala o mais espantoso de todos os temas que desafiam a argúcia humana.
Quem tenha uma visão do mundo presa apenas ao devir, ao quaternário, como o chamavam os antigos filósofos, não poderá deixar de reconhecer que todo o existir é um separar-se, bem como todas as combinações ônticas do existir finito são sempre seletivas.
Desde o exemplo do isolar-se dos gases chamados nobres, no conjunto das nossas coordenadas, até à constante seleção de todos os elementos que escolhem, preferem esta ou aquela combinação a outra, toda a atividade do existir é seletiva. Se todas as combinações são possíveis, nem todas são prováveis, e muito menos se atualizam.
Há, assim, em todo o existir, um separar-se, uma crisis, um abismo.
E esse aspecto, que podemos ver no mundo do existir, é patente, também, na função intelectiva. Não é "intelegir" uma palavra formada de inter lec? Lec, velho radical, que significa captar, e "intelegir", captar entre. Intelectualidade, portanto, é a funcionalidade do nosso espírito que escolhe, entre muitas notas, apenas algumas. Se aceitarmos que intelecto venha de intus e lec, como o propõe Tomás de Aquino, teríamos um captar dentro, mas um captar que será sempre seletivo, porque preferirá isto àquilo. Ainda estamos na crisis. E o grego chamava assim ao juízo, e também à decisão, porque quem decide escolhe-entre, e separa.
E assim como no plano físico há seletividade, há também no biológico, no psicológico e no social.
Todo existir está em crisis. E o homem é a consciência quaternária dessa crisis.
Imerso no existir, imerso nela, torna-se esta a sua grande inevitabilidade, mas também a sua eterna inconformidade...

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