Romance Regionalista
Fogo Morto foi o décimo romanced de José Lins do Rego.Apareceu em outubro de 1943.O autor estava com apenas 42 anos.A crítica o considerou desde logo uma obra - prima."E que obra prima Fogo - Morto ,puxa ", escreveu Mário de Andrade.A crítica unanimente considera " Fogo morto a obra - prima de José Lins do Rego, o seu livro mais intenso, uma síntese da sua obra de ficcionista.Maior romance de Zé lins, gira em torno de três personagens empolgantes, que são três mais fortes personagens da sua criação ficcional.O mestre Josè Amaro, o artesão, o major Luís César de Hoanda Chacon, o senhor de engenho decadente, e o capitão Vitorino Carneiro da Cunha, que é, sem dúvida, a maior personagem do livro e de todos romances de Lins do rego.Os críticos se entusiasmaram co Fogo morto.Além de Mário de Andrade, Antônio Cândido, Gilberto Freyre, Tristão de Athayde, Afonso Arinos, Wilson Martins, José Aderaldo Castello, Sérgio Milliet, Álvaro Lins, Edilberto Coutinho,todos se deixaram impressionar pela força,pelo ímpeto deste romance da maturidade plena. Três novelas superpostas, com a história pungente de três personagens trágicas. É um romance impregnado de tristeza. E a grande presença patética do livroé esse Quixote sertanejo, Vitorino Carneiro da Cunha, o Papa - rabo, figura poderosa, Inesquecível. Fogo morto é o romance da demência. A loucura é uma das obsessões de Josè Lins, como a morte e o sexo. A obra surgiu há exatamente meio século e conserva toda a sua força de sedução.José lins nos envolve com seu estilo lírico, com a sua poetização do real. Otto Maria Carpeaux nota muito bem que o valor da obra de José lins do Rego reside nisto, o tema e o estilo corresponderam - se perfeitamente. Fogo morto é um tríptico derredor de três personagens fortes, que se completaqm admiravelmente.O centro do romance é o mundo decadente do Engenho Santa Fé.Observou Eduardo Coutinho que há um polifonismo em Fogo morto, um pluralismo de perspectivas, uma visão múltipla .Há, assim, uma complexidade crecente na obra de José Lins.Mas o seu estiloé sempre muito simples, despojado, popular, num tom de conversa autêntica.Aì é que está a força de Zé Lins, no seu contato perene com as raízes, com suas fontes. A suprema realização ficcional de José Lins do Rego aqui, está neste Fogo morto, em que aparece a maior personagem da sua obra inteira, esse desabusado, imtempestivo capitão Vitorino, que é a pura imagem corajosa do opositor, desafiador do generoso militante.Mestre José Lins do Rego se encontrava no ousado capitão Vitorino, identificava-se com ele, com o seu humanismo atrevido, desabrido e largo.
Antonio Carlos Villaça.
Romance / Ficção / Literatura Brasileira