"Como eu, então uma jovem, pude conceber e desenvolver uma ideia tão medonha?", pergunta-se Mary Shelley no prefácio de sua obra mais emblemática e influente. Sedutor e aterrorizante, o mito de Frankenstein espelhará as próprias contradições da civilização moderna. Invocando à definição genética de fenômenos tão distintos quanto manipulações plásticas do corpo humano e as transgenias animal e alimentar, a narrativa de Victor Frankenstein traz uma incômoda reflexão sobre o lugar a um só tempo redentor e catastrófico da razão em um mundo em que os homens assumiram o controle do que a tradição entendia como terreno exclusivo da criação divina. Se o sonho da razão continua a produzir monstros, nada mais justo que investigá-los em sua mais célebre e duradoura manifestação literária.
Esta nova tradução, elaborada com base na terceira e última edição de 1831, revista pela autora, recupera fielmente o brilho da prosa shelleyana, que o público brasileiro conhece amiúde apenas a partir de reduções e adaptações. A tradução é precedida de uma esclarecedora introdução e um apêndice não menos curioso: o prefácio de Mary Shelley à primeira edição e uma carta da escritora acompanhados de uma resenha e um poema assinados por Percy Shelley, seu companheiro. Além disso, esta edição foi especialmente ilustrado com gravuras do artista Ulysses Bôscolo.
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