Fugindo Do Amor

Júlio Augusto Severo estacionou seu carro a margem da estrada e ficou olhando para a cidade que se estendia por uma espécie de vale,entre dois pequenos morros. O calor era sufocante dentro do carro, Ele abriu a porta e desceu, saboreando uma brisa que agitava seus cabelos e farfalhava as folhas do milharal plantado ao longo das margens da rodovia. Respirou bem fundo aquele ar puro e com cheiro de verde penetrante, muito diferente daquele a que se acostumara respirar durante os anos todos de seu curso de odontologia em Campinas. A decisão de ir para uma pequena cidade veio de uma pequena discussão entre ele e alguns amigos, alguns dias antes da formatura. Estavam todos num restaurante, numa espécie de comemoração e despedida pelo final do curso. As opiniões divergiam. Alguns queriam se especializar, outros queriam permanecer em Campinas ou ir para São Paulo. Júlio escolhera ir para o interior. E fora isso mesmo que fizera. Escolheu ao acaso, no mapa, uma pequena cidade no interior, próxima de um grande centro para não ficar isolado nem desatualizado. Conseguiu um financiamento para a compra de uma aparelhagem moderna e se lançou na aventura. Agora, parado ali, olhando a pequena cidade, com suas casas de madeira, seus telhados empoeirados, chegava a duvidar da escolha. Teria que se esforçar muito. Soubera, de antemão, que na cidade havia apenas um dentista em idade de se aposentar. Talvez isso facilitasse seu trabalho, pois brevemente teria uma clientela quase que total entre a população dali. Ia em busca de um trabalho, da sua realização profissional sem imaginar que encontraria ali a mulher de sua vida