Futebol e globalização

O futebol é uma instituição social profundamente ligada à história do capitalismo contemporâneo. E, como uma instituição capitalista, é uma criação imaginária visível. Logo não há como pensá-la fora desse contexto. Ele surge como um esporte moderno no processo da expansão capitalista no final do século XIX e se afirma, no final do século XX como o esporte definitivamente de massas e mundializado.
A consolidação capitalista que reordenou de forma radical o ocidente promoveu transformações tecnológicas, econômicas e culturais, dentre as quais a prática dos esportes como significação de ser moderno e civilizado. Logo, o processo de globalização do futebol coincide com a expansão civilizatória da cultura capitalista, desde o final do XIX até os tempos atuais.
As transformações mais recentes do capitalismo, caracterizadas por um novo boom expansionista e a globalização de novos padrões tecnológicos e culturais de mercado, trouxeram consigo o que estamos denominando de uma nova onda de espetacularização da indústria cultural do consumo, ou seja, consumir produtos materiais e culturais em grande escala. Entre esses produtos, o futebol adquiriu uma especial caracterização.
A presente obra dedica-se a atualizar o debate sobre esse processo, tanto do ponto de vista do conhecimento empírico do fenômeno, na América Latina e na Europa, quanto das perspectivas teóricas para o estudo do futebol nesse contexto globalizado.
O destaque que o futebol vem obtendo no meio acadêmico, nos últimos vinte anos, é expressão dessa globalização. As suas implicações culturais e políticas, na sociedade contemporânea, tornaram-se grandiosas e se transformaram em preocupações políticas por parte do Estado e das instituições normatizadoras da sociedade. Ou seja, ao se transformar num espetáculo de massas, o futebol deixou de ser apenas de interesse de curiosos e apaixonados e se transformou em assunto político relevante e com interesse acadêmico como um tema sério.