Geografia do Romance

Geografia do Romance Carlos Fuentes


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Geografia do Romance





Houve quem acreditasse que a globalização e a cultura de massa matariam o romance. No entanto, o escritor mexicano Carlos Fuentes crê que o efeito foi justamente o inverso: a literatura ganhou nova voz ao se dissolver a fronteira artificial que existia entre realismo e fantasia. Além disso, também foi inaugurada uma nova geografia do romance, pois os romancistas foram situados para além de suas nacionalidades, na terra comum da imaginação e da palavra. Esta é a tese principal defendida por Fuentes no livro Geografia do romance.

Um dos exemplos estudados pelo autor é a literatura de língua inglesa, cujo vigor foi devolvido pelos escritores provenientes das ex-colônias britânicas, como o nigeriano, Chinua Achebe, o sul-africano J. M. Coetzee, o indiano Salman Rushdie e os canadenses Margaret Atwood e Michael Ontdaatje. Eles universalizaram a língua inglesa como uma experiência humana independente de fronteiras, imaginativa, diversificada, sem a qual sua literatura teria empobrecido. "A geografia do romance nos diz que nossa humanidade não vive na gelada abstração do separado, mas no latejo cálido de uma variedade infernal que nos diz: Não somos ainda. Estamos sendo", escreve Fuentes.

A teoria de Fuentes é embasada em uma análise profunda das obras de 11 autores de diferentes nacionalidades: Jorge Luis Borges (Argentina), Juan Goytisolo (Espanha), Augusto Roa Bastos (Paraguai), Sergio Ramírez (Nicarágua), Héctor Aguilar Camín (México), Milan Kundera (República Tcheca), György Konrád (Hungria), Julian Barnes (Inglaterra), Artur Lundkvist (Suécia), Italo Calvino (Itália) e Salman Rushdie (Índia). Ele começa com Borges, por ser o escritor que transformou o tempo e o espaço em protagonistas de suas histórias, ensinando-nos a compreender a realidade relativista desses dois conceitos. O espaço e o tempo são linguagem, e o significado dos livros não está atrás de nós, mas no futuro, no porvir. O leitor é o autor de Dom Quixote, por exemplo, porque ele cria o seu livro. O leitor conhece o futuro; Cervantes, não.

À luz de seus mestres contemporâneos, Fuentes explica que, mesmo em um mundo onde a informação nos chega sem que se precise buscá-la, o livro acrescenta algo à realidade que antes não estava ali e, ao fazê-lo, forma a realidade, mas uma realidade que, muitas vezes, não é imediatamente perceptível ou material. O romance, mesmo o mais realista deles, não mostra nem demonstra o mundo, mas acrescenta algo ao mundo. Pode refletir o espírito de seu tempo, mas não é idêntico a ele. Se a História esgotasse o sentido dos romances, eles se tornariam ilegíveis com o passar do tempo, interessariam apenas aos historiadores.

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on 17/7/19


GEOGRAFIA DO ROMANCE (Geografía de la novela, 1993), de Carlos Fuentes; tradução Carlos Nougué. O escritor mexicano Carlos Fuentes reúne, aqui, ensaios sobre onze grandes nomes da literatura do século XX: Jorge Luis Borges (Argentina), Juan Goytisolo (Espanha), Augusto Roa Bastos (Paraguai), Sergio Ramírez (Nicarágua), Héctor Aguilar Camín (México), Milan Kundera (República Tcheca), György Konrád (Hungria), Julian Barnes (Inglaterra), Artur Lundkvist (Suécia), Italo Calvino (Itália)... leia mais

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13/10/2009 09:20:48

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