Riobaldo, também conhecido como Tatarana ou Urutu-Branco, um ex-jagunço já envelhecido, relata sua experiência de vida a um interlocutor que não se manifesta, mas é possível perceber sua opinião através das inferências de Riobaldo.
Suas histórias de vingança, lutas, perseguições, medos, dúvidas e amores pelos sertões de Minas Gerais, de Goiás, do sul da Bahia são contadas sempre com uma reflexão sobre tudo que lhe aconteceu. Essas histórias vão sendo entrelaçadas e expostas com a preocupação do narrador-personagem de discutir a existência ou não do diabo, fato do qual depende a salvação de sua alma, pois, quando jovem, para vencer seu maior inimigo Hermógenes, Riobaldo parece ter feito um pacto com o demo.
O romance é marcado por dois grandes conflitos, o primeiro deles é contra Zé Bebelo e os soldados do governo e tem como líderes João Goanhá, Ricardão, Hermógenes, Joça Ramiro, Sô Candelário e Tirão Passos. Zé Bebelo é pego e julgado pelo tribunal composto por esses líderes chefiados por Joça Ramiro. Hermógenes e Ricardão defendem a pena capital para Zé Bebelo, mas, no fim do julgamento, Joca Ramiro sentencia-o a liberdade com a condição de que ele vá para Goiás e não volte sem ordem.
O segundo conflito surge depois de um período de paz no sertão quando Gavião-Cujo, um jagunço, anuncia que “Mataram Joca Ramiro!...”, então, sob liderança de Zé Bebelo que retorna para vingar a morte daquele que lhe concedeu a liberdade, o bando de Riobaldo e Diadorim e demais chefes lutam contra o grupo rival liderado pelos assassinos de Joca Ramiro, Hermógenes e Ricardão, os traidores do bando. Essa guerra se finda com o romance com a morte de Hermógenes na batalha final no Paredão.
Riobaldo vê o mundo com indiferença. O mal é apenas projeção e o ser é a razão e seu temor, o vir a ser.
Grande Sertão: veredas abre parênteses para inúmeras análises literárias, pois é uma obra abrangente que discute a travessia da vida com todos os seus conflitos e labirintos diabólicos. O romance retrata o homem com suas projeções, ações e omissões em um mundo indiferente. É a afirmação dos conflitos humanos construindo e destruindo as teias de vivências; vivendo os paradoxos necessários.
Literatura Brasileira / Ficção / Romance