grão, gota é o primeiro livro de Eduardo Rezende Pereira pela Folhas de Relva Edições. Em sua estreia, o jovem traz poesias e prosas escritas ao longo dos últimos sete ou oito anos, reunidas em três seções: No princípio era o Verbo; Daquilo que pulsa; Do fundo do estômago.
Brincando com as palavras, na primeira seção, o autor afirma o que pretende ou não com o traço de seus versos. Aponta a utilidade do ofício e, na observação de pequenos detalhes da vida cotidiana - sempre com forte carga de crítica social -, abre o livro convidando o leitor a visitar o seu universo particular.
A segunda seção traz os afetos passageiros e a intensidade dos sentimentos. As técnicas de arte são apresentadas como respostas às muitas inquietações pulsantes e que precisam ser extraídas, exorcisadas, materializadas. Na transição entre a segunda e terceira seção estão a materialização da melancolia e da saudade por meio da palavra.
Como quem vive intensamente cada momento, sabendo que o mover dos passos e o arrastar dos ponteiros são esforços únicos e caros demais, a última parte do livro traz os aromas da infância e os afetos familiares, o pacato cotidiano da cidade do interior, a religiosidade e as festas populares de sua terra de origem, além de, novamente, apresentar textos de teor político e preocupação social.
A escrita de Rezende Pereira é metalinguagem, desabafo, memória e manifesto. É a descrição de um mundo feito de festa e silêncio: um passado particular em fotografia estática, um presente agitado que se desvela pelas lentes das minúcias e um lento futuro que se desdobra pela esperança e ação.
Poemas, poesias