Helena/O Alienista

Helena/O Alienista Machado de Assis


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Helena/O Alienista (Obras imortais da nossa literatura #1)





O romance começa com o anúncio da morte do Conselheiro Vale, pai de Estácio e irmão de Dona Úrsula. O Conselheiro é retratado como homem de boas relações, relativa fortuna e certo gosto pela vida boêmia. Em seu testamento, ele reconhecia uma filha natural chamada Helena, pedindo para a família que a recebesse assim que a menina saísse da escola. Já que a existência da moça era até então desconhecida para Estácio e Dona Úrsula, eles a recebem com sentimentos mistos. Estácio rapidamente acolhe a nova irmã e lhe conquista a confiança, enquanto Dona Úrsula resiste por algum tempo à ideia de dividir seus afetos com uma desconhecida.
A vida prossegue harmoniosamente para a família do Conselheiro. Dona Úrsula adoece por um momento. Tendo notado o cuidado com que a nova parenta a velava, abandona todas as suspeitas a respeito de Helena. Logo o padre local (Padre Melquior) e outros amigos da família se afeiçoam por Helena e passam a tratá-la como alguém que sempre estivera na casa. Nesse meio tempo, Estácio se confronta com as imposições sociais comuns a um jovem abastado no Brasil da época: ele tem que casar-se e assumir um cargo público, duas ideias contra que resiste por certo tempo. A noiva que lhe fora designada, a frívola Eugênia, por vezes lhe causa profundo desagrado; um cargo público parece não corresponder a seus interesses pelas matemáticas e ânsia por liberdade tipicamente romântica. Helena, por fim, é aquela que parece guiar Estácio para os rumos esperados pela sociedade que os rodeia; durante o romance nota-se a crescente influência da meia-irmã nas decisões do moço.
Helena também tem um pretendente; trata-se de Mendonça, antigo amigo de Estácio, de vida solta e recém-chegado da Europa. Estácio é acometido de profundos ciúmes pela união dos dois, sentimentos que saberá interpretar somente mais tarde, e relaciona-los-á com sua própria resistência contra Eugênia. Aqui Machado de Assis resgata um tema caro ao romantismo, o do amor proibido pela sociedade e pela religião. É o padre Melquior quem desvenda o amor "incestuoso, embora inconsciente" que Estácio nutre pela meia-irmã, apelando para que Estácio renuncie à sua paixão criminosa e siga uma vida normal.
No mesmo instante em que a trama do amor proibido é desenrolada, surge uma complicação adicional. Descobre-se que Helena guardava um segredo o tempo todo, à primeira vista inofensivo; a moça tinha por hábito acordar cedo e fazer visitas a uma casa pobre, próxima à chácara do Conselheiro Vale, voltando antes de que seus parentes despertassem. Estácio é o primeiro a se preocupar com tais visitas, em grande medida por ciúmes, pondo-se a investigá-las junto a seus conhecidos.
Ao fim, descobre-se que Helena visitava um homem, seu verdadeiro pai biológico (Salvador). No final do livro, Salvador conta como o Conselheiro Vale lhe roubara a esposa, a mãe de Helena, e optara por criar a criança como se fosse sua filha. Helena tinha consciência da história a todo momento, mas não contara a Estácio e Dona Úrsula a pedido de seus dois pais.
Depois que a família descobre que Helena na verdade não foi filha natural do Conselheiro, em tese Estácio e Helena estariam livres para se entregarem ao seu amor, não mais incestuoso. Mas existem dois obstáculos: o primeiro, como lembra o padre, é o escândalo que representaria o rompimento dos compromissos já assumidos por ambos (com, respectivamente, Eugênia e Mendonça). "Sepultemos quanto se passou no mais profundo silêncio, e a situação de ontem será a mesma de amanhã." O segundo é a crise de consciência de Helena por haver tido que viver inautenticamente (mais um tema romântico), mantido a mentira que o pai e o Conselheiro Vale perpetuaram visando seu próprio bem. Ela também revela ter amado Estácio o tempo todo e haver intencionado unir-se com Mendonça por força da renúncia; uma vez que sente não poder recuperar a confiança da família do Conselheiro, adoece e morre em um período de sete dias.

Ficção / Literatura Brasileira / Romance

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on 13/3/24


Helena é uma jovem e sábia mulher, que diz de si mesma, ser "uma pobre alma lançada num turbilhão". Tanto ela quanto sua história me surpreenderam deveras. "amar é eleger a criatura que há de ser companheira na vida, não é afiançar a perpétua felicidade de duas pessoas." Fui igualmente surpreendida pelo alienista. Por alguma razão, imaginei que seria uma história séria, melancólica e triste, mas na verdade é bem engraçada, apesar das metáforas e reflexões. "Nada tenho que ver com a c... leia mais

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Pedro
editou em:
18/11/2022 13:14:43

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