Hino Homérico IV

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Hino Homérico IV


A Hermes




Hermes, conhecido como o mensageiro dos deuses na mitologia grega, é uma entidade obscura e pouco estudada. De seu nome derivam expressões como “hermético”, “hermenêutica” e também “hermafrodita”(Hermes + Afrodite). Patrono dos viajantes, dos comerciantes e dos ladrões, Hermes, conhecido como Mercúrio na tradição romana, continua assombrando estudiosos por seus traços contraditórios e enigmáticos.

Walter Otto, em seu célebre livro “Os deuses da Grécia”, (Odysseus, 2006) afirma: “ Hermes não é um poder que socorre os homens em determinados momentos da vida; é o espírito de uma forma de existência recorrente sob certas condições, que junto com o ganho, conhece a perda, a malícia junto com a bondade. Embora muitos desses elementos pareçam moralmente duvidosos, manisfesta-se aí um aspecto da existência que, com todos os seus problemas, corresponde às formas básicas da realidade da vida e, portanto, de acordo com o sentir dos gregos, exige respeito... ”

Hermes foi durante muito tempo e ainda é objeto de estudo de nosso querido helenista baiano, doutor em antropologia, professor da Universidade Federal da Bahia, Ordep Serra, que nos presenteou com esta bela tradução e estudo onde coteja renomados helenistas. Mas Ordep vai mais longe e, para nos socorrer em nossa perplexidade recorre a comparações com divindades da tradição iorubá: “ Tal como Hermes, Exu/Legbá é um senhor das encruzilhadas, das passagens, dos pórticos e dos caminhos; tem características fálicas muito acusadas, mas, por outro lado, freqüentemente assume a feição de uma criança divina, um enfant terrible ”(pág. 86).

Uma das principais fontes para o estudo de Hermes, O Hino Homérico IV, revela traços basilares da divindade: nascido em uma gruta, da união de Zeus com Maia, o pequeno Hermes, ainda de cueiros, rouba parte do rebanho de seu irmão, o luminoso Apolo, reclamando assim seu quinhão de fortuna. Descoberto, apesar de todos os ardis, é levado a devolver o rebanho para imediatamente recuperá-lo através de uma troca: presenteia Apolo com o instrumento musical de sua criação, a primeira lira –fonte de uma sonância jamais ouvida.

O diálogo que se estabelece entre Hermes e Apolo, na parte final do hino, também é revelador; maravilhado com o som do novo instrumento musical e com o espírito perspicaz e traquinas do pequeno Hermes, Apolo lhe concede sua amizade e um caduceu áureo. Porém, perguntado sobre seu dom divinatório avisa: é prerrogativa sua. Assim como é a capacidade de conhecer o saber profundo de Zeus. Estes, Apolo não compartilhará.

Hermes será um deus querido entre os mortais e entre seus pares no Olimpo. A ele recorrerão Zeus e os outros deuses quando quiserem um portador para suas mensagens e, os homens o lembrarão em todas as cerimônias. Além disso, na Grécia erigiam-se hermas (estátuas de Hermes) na entrada dos edifícios públicos, nos ginásios, nas encruzilhadas assim como se colocavam pequenos hermas na entrada dos dormitórios. Provavelmente para lembrarem a nós, homens, que em nossas decisões, passagens e rumos, embora sejamos seres imperfeitos podemos ter a graça dos deuses.


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