No século XIX, a histeria era um distúrbio que os médicos - frustrados e estimulados na mesma medida - não conseguiam identificar com precisão. Os pacientes (sobretudo mulheres, mas não exclusivamente) apresentavam sintomas estranhos e mutáveis, que escapavam a qualquer explicação física. O jovem Sigmund Freud inspirou-se nesse fenômeno, e a própria psicanálise seria a resposta dele ao desafio apresentado por suas pacientes histéricas.
Embora a histeria logo começasse a desaparecer dos consultórios e dos manuais de diagnóstico, ela ressurgiu com nomes diferentes, como se fosse uma farsante: neurose de guerra, distúrbios alimentares, síndrome de personalidade múltipla. Como mostra este livro, as questões perturbadoras que a histeria levantou sobre a condição humana, há mais de cem anos, nunca deixaram de instigar artistas e críticos preocupados com a relação entre o poder e a falta dele, a natureza do desejo e da realização, os limites corporais das identidades sexuais.
Psicologia