Bonecos movidos a água que dançam e servem bebida, orgulho dos sultões árabes do século XIII; máquinas com forma humana que desenham, tocam instrumentos, jogam xadrez, circulando pelas cortes européias do século XVIII; marionetes japonesas acrobáticas e barulhentas, conservadas como objetos sagrados. A essas criaturas maravilhosas e inúteis Losano dedica sua pesquisa, desenhando o perfil de uma era (dos gregos até o limiar da época contemporânea) em que a mecânica era, mais do que uma ciência, uma arte. As biografias de "máquinas que trazem em si o princípio do próprio movimento", como os enciclopedistas definiram os autômatos, descrevem alguns sonhos surgidos na fronteira entre ciência e ilusão, genialidade e trapaça. Eles pertencem a um mundo que não adianta comparar àquele da técnica atual: sua finalidade não era o uso e a reprodução, mas a experiência de um feito único e surpreendente.