O escritor e o historiador estão implicados em uma mesma tarefa - lutar contra o esquecimento. O resultado dos seus esforços permite que seu pensamento sobreviva à morte, perdure na fragilidade do mundo. Para quê? Em 'Histórias sem fins' a resposta é dura e clara - para que a ditadura militar brasileira não se repita. Não há garantias, porém, há algo que pode nos ajudar nessa tarefa política e, ao que parece, cada vez mais difícil pelos desmandos autoritários de nosso tempo - relembrar as histórias daqueles que atravessaram os anos de chumbo e os transformaram em memorial. Que não seja um espaço museu estático, mas uma roda de conversa e fogueira que precede a luta; das histórias que não nos deixam dormir pela presença da ditadura que ainda nos ronda. Wagner, historiador e escritor, contra a ideia de que o passado se deve deixar para trás, se desmembra em desconhecidos, tecendo um personagem múltiplo que atravessou a história recente do Brasil ao som do chumbo da ditadura. Em um tempo em que as pessoas têm dificuldade de entender o que é experiência, curtida na sabedoria de viver o seu tempo histórico, as histórias do livro são a potência da narrativa que pode, numa roda de conversa, intercambiar sabedorias. Que elas sejam lidas em voz alta, aos gritos de quem sozinho desce do muro e encontra companheiros e companheiras para a cada história sem fim espalhar a mensagem essencial e persistente do escritor e do historiador - Não podemos esquecer.