A memória histórica obriga à análise crítica dos acontecimentos sem os iludir e ao reconhecimento das suas consequências ao longo do tempo. Holodomor – A Desconhecida Tragédia Ucraniana (1932-1933) é um conjunto de testemunhos de diversas ordens (históricas, jurídicas, de imprensa e artísticas) sobre um mo- mento que merece ser recordado na Europa contemporânea – em nome de um novo espírito, segundo o qual, muito mais do que qualquer ressentimento, o que importa é tirar lições em nome de uma “cultura de paz”, de reconhecimento, de respeito e de cooperação.
A Ucrânia tem raízes históricas muito antigas que merecem ser lembradas e respeitadas numa lógica aberta, de cooperação e de paz. Daí que a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa tenha homenageado “a memória” de todos aqueles que pereceram “numa catástrofe humana sem precedentes”, congratulando-se “com os esforços destinados a revelar a verdade histórica e a aumentar o conhecimento público sobre este acontecimento trágico do passado.
Esses esforços devem procurar unir os povos e não dividi-los”. Esta é a mensagem funda- mental que tem de ser deixada aos cidadãos europeus, uma vez que a coesão, a complementaridade, bem como o respeito mútuo, devem ser postos em prática na acção política nos dias de hoje.
Se, como lembra o Dr. Carlos Gaspar, “a grande fome” de 1932-33 foi, sobretudo, a forma de impor o regime comunista à “nação camponesa” com a destruição das estruturas sociais tradicionais dos campos, a liquidação física de milhões de agricultores, e uma aceleração brutal dos processos de urbanização – “trinta milhões de camponeses partiram para as cidades nos anos trinta”, o certo é que, “em 1921, a conquista da Rússia pelos bolcheviques não tinha passado para fora das portas das cidades”, verificando que apenas em 1933, “com a colectivização rural, o resto do país foi ocupado”. Deste modo, é correcto o que Hegel nos disse: “a única coisa que não aprendemos são as lições da História”.
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