I Anuário da Poesia Paraense (Anuário da Poesia Paraense)

I Anuário da Poesia Paraense
(Olga Savary)

Solidão e solidariedade. Paixão e compaixão. Estas são as palavras presentes naqueles que se entregam totalmente, em profundidade, à senhora exigentíssima e tirana chamada poesia. Pelo menos é o que penso sobre esta dama singular e plural a um só tempo, desde que me entendo poeta, descoberta por meus primos e pares Carlos Drummond de Andrade, todos do clã Machado (especialmente Anibal Machado, Maria Clara Machado, entre os demais do clã), Murilo Mendes, Augusto de Lima, Virgínio Santa Rosa, Marlos Nobre e tantos mais (os primeiros, pelo lado paterno; os dois últimos, mais Lourival e Cícero Nobre de Almeida, pelo veio materno). Assim, eu não poderia ser outra coisa senão escritora. E poeta antes de tudo. A poesia e a literatura deram sentido à vida; o reconhecimento desde cedo só exacerbaram persistir na escolha. Brinco (mas é serio!) que foi a poesia que me escolheu.
Penso que o mesmo ocorre com o bom poeta e professor Airton Souza, organizador deste I Anuário da Poesia Paraense, que vem se somar aos seus 10 livros já publicados. Quem o descobriu para mim foi o poeta Luiz Otávio Oliani, amigo de muitos anos, que foi a Marabá, Pará, lançar livros, a convite de Airton. Retornando ao Rio de Janeiro, Oliani trouxe-me o pedido de Airton para eu apresentar este novo livro realizado pelo poeta/professor. Impossível não atender à solicitação. Sou uma paruara (paraense, em Tupi) convicta, apaixonada pelo Pará, pela minha gente amazônida. Por circunstâncias familiares, saí do Pará, da capital Belém, para vir morar com meus pais no Rio, porém o Pará nunca saiu de mim. Não conheço nenhum outro brasileiro tão apaixonado por sua terra. É uma honra inigualável. Pertenço de corpo e alma a esses seres paraenses tão sutis e sofisticados.
Em 2001 finalizei a antologia Poesia do Grão-Pará, que eu vinha organizando desde a minha adolescência e que me levou 50 anos cravados para concluir. Nela estão incluídos mais de 100 poetas e cobre 200 anos de poesia da região amazônida. Difícil é realizar tal façanha estando longe do Pará. Mas os paraenses consideram esta antologia a mais completa já feita na nossa terra, com suas mais de 500 páginas. Com apresentação de Benedito Nunes, meu antigo professor de Filosofia no Colégio Moderno, ficou belíssima, com capa do pintor paraense Aluisio Carvão, que foi professor no MAM do Rio, conceituadíssimo tanto no Brasil como no exterior. Porém uma obra como qualquer antologia jamais pretenderá ser completa. Poesia do Grão-Pará (antigo nome dos estados do Pará, Maranhão e Amazonas, que formaram uma só região à época) tem a lamentar a ausência de alguns poetas, entre os quais sentirei falta de Airton Souza e seu grupo, presente neste I Anuário da Poesia Paraense. Só dois pertencem à minha antologia: Josette Lassance e Paulo Nunes. Quem sabe uma 2º edição de minha antologia Poesia do Grão-Pará possa incluir os demais poetas do grupo poético de Marabá, ora agrupado por Airton Souza.

Autores participantes:

Abilio Pacheco
Adão Almeida
Ademir Braz
Agmael Lima
Airton Souza
Aldemira Aguiar
Ana Meireles
Antonio Nilson Paz
Apoliana Maria Quitéria da Costa
Arlethe Ferreira da Silva
Benny Franklin
Bertin Di Carmelita
Bia Carrias
Clauber Martins
Claudimar Siqueira Campos
Cley Araújo
Creusa Salame
Eleazar Venancio Carrias
Eliane Soares
Francisca Cerqueira
Francisco Duarte
Girotto Brito
Glecia Sousa
Javier Di Mar-y-abá
Joelthon Ribeiro
Josette Lassance
Katiucia Oliveira
Lara Borges
Lívia Rodrigues Mesquita
Lusa Silva
Marcos Samuel Costa
Maria Rodrigues Mesquita
Marilene Rodrigues Silva
Marisol Nascimento
Marlon da Silva Ferreira
Moreira Filho
Nathália Cruz
Otacílio Mota
Paulo Nunes
Reginaldo Santiago
Renato Gusmão
Renato Pimentel
Rose Pinheiro
Rui do Carmo
Samantha de Sousa
Seu Da Beca
Yuri Ikeda Fonseca
Wal Oliveira
Vânia Ribeiro de Andrade
Zacarias Martins

Literatura Brasileira / Poemas, poesias