No verão de 1967, os hippies estavam na capa da revista Time. A música dessa nova tribo fala sozinha pela primeira vez no Festival de Monterey. Vestido como um príncipe, em cetim e plumas, Jimi Hendrix toca com todo o seu corpo e com todo o corpo do instrumento: barra de trêmulo, pedal wha-wha, microfonia, tudo é música em seus ouvidos. Ele manobra o ruído como um surfista experiente, aproxima a guitarra dos amplificadores, provoca, dança. Com pulsações orgásmicas, suas mãos encharcam o ar de som, tensão e ritmo. Gozo e dor, delírio e horror, o ato completo. Coisa selvagem. Prometeu amaldiçoado por trazer o fogo dos céus aos homens, destinado a arder na chama do seu sol interior, Jimi Hendrix é presença eterna, arquetípica. Não apenas o músico que subverteu regras, mas o jogador sem limites, feroz, terremoto constante, pra quem havia paredes altas demais à sua volta. Ele queria beijar o céu.
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